Já reparou como os filmes da Marvel são cativantes e conquistam o mercado constantemente? Sabia que seus 22 filmes faturaram 17 bilhões de dólares (mais que qualquer outra franquia de filmes do mundo)? A explicação de tamanha popularidade segundo Kevin Feige, diretor da Marvel Studios, está na estratégia de manter um equilíbrio entre renovação e continuidade dos filmes. Esse equilíbrio é um dos principais desafios das franquias que sofrem com a queda contínua nas avaliações e críticas após o primeiro filme da saga. É muito comum ouvir das críticas comentários como “o primeiro filme foi o melhor”, “a história foi enfraquecendo nas outras produções”, dentre outras falas que apontam para a “falência criativa” das franquias. Mas afinal, qual a estratégia utilizada pela Marvel para conseguir mesclar dois princípios tão conflitantes? Uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review chegou a conclusão que esse sucesso se baseia em quatro princípios:
1. Adotar a experiência da inexperiência
Dos 15 diretores da Marvel Cinematic Universe (MCU) somente um possuía experiência no gênero de super-heróis. Isso parece contraditório a primeira vista, mas na verdade a estratégia de contratar diretores especialistas em outros gêneros como tragédia, terror, suspense, espionagem e comédia conferia aos filmes uma visão única e diferenciada na forma de contar as histórias. Além disso, a maioria dos diretores em suas produções anteriores, possuíam orçamentos bem mais baixos para produzir os filmes. Com isso, os efeitos especiais não eram o foco, mas sim o enredo engenhoso e cativante. A MCU permite um elevado grau de liberdade e controle dos diretores, encorajando-os a fazerem as coisas do próprio jeito e testar caminhos diferentes.
Essa estratégia de apostar em profissionais com expertise em outras áreas não se limita à indústria cinematográfica. Os fundos de investimentos, contratam jogadores de xadrez para o reconhecimento prévio de padrões e empresas de consultoria investem em designers de moda e antropólogos para renovarem suas soluções.
2. Potencializar um núcleo estável
O segundo princípio da franquia se trata de manter um pequeno número de pessoas filme após filme, tanto de staff como atores. Esse princípio se baseia na estrutura organizacional que mantém um núcleo que facilita a continuidade, estabilidade e ao mesmo tempo promove renovação, dinamismo, flexibilidade e atração de novos talentos e ideias.
Analisando outros campos, essa abordagem também foi utilizada pelo Barcelona, que manteve a continuidade desenvolvendo jovens talentos de suas próprias categorias de base, mantendo uma linha central da equipe durante os anos e ao mesmo tempo incorporando novos talentos.
3. Continuar desafiando os padrões
Percebemos que muitas empresas e organizações tem dificuldades em abandonar o que tornou bem-sucedido um produto ou serviço. Mas a Marvel não reluta em fazer mudanças com experimentações contínuas de diferentes elementos dramáticos, visuais e narrativos em seus filmes. Cada um possui uma identidade e marca emocional. Em Homem de Ferro 2, por exemplo, percebemos tons humorísticos, já em Thor, o ambiente é mais sombrio e triste.
4. Cultivar as curiosidades dos clientes
A Marvel cultiva a curiosidade de várias formas, a partir da criação de universos únicos e sensações envolventes. Uma delas é a partir das interações com os expectadores pelas mídias sociais, o que atiça a curiosidade pelo suspense gerado antes dos lançamentos, aumentando assim, as expectativas do público. Alguns filmes possuem referências e sinais implícitos nas cenas que somente fãs e críticos percebem.
A marca Jordan, da Nike, estimula a curiosidade dos consumidores através de pequenos detalhes “semi-ocultos”, como pontos em Braille na lingueta soletrando “Jordan” e citações sobre superação de fracassos gravadas a laser na sola.
Esses quatro pilares que garantem a consistência do sucesso da Marvel podem servir de inspiração para empreendedores e guiar estratégias de marketing digital e desenvolvimento de produtos/serviços que conquistam o mercado. A inovação e criatividade não são aspectos tão distantes e complexos como muitos imaginam. A questão chave está no tipo de abordagem e na capacidade de reinventar a sua marca.
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